Os planos são os de manter a equipe econômica e trocar os atuais auxiliares peemedebistas no Planalto, incluindo o chefe da Justiça. PSDB aumenta o tom do desembarque na Esplanada

O país convive com um governo que conta os votos e luta pela sobrevivência e outro que, embora sem reuniões explícitas para tal, surge no horizonte como realidade em um curto espaço de tempo. Mesmo com todas as negativas públicas de que esteja atuando como conspirador, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já vê mapeado quem estará ao seu lado caso se concretize, de fato, a queda do presidente Temer. Nos dois polos de poder, sinais distintos. A equipe econômica fica, o núcleo palaciano, acrescido do Ministério da Justiça, muda.
Maia não vai manter Eliseu Padilha na Casa Civil, Moreira Franco na Secretaria-Geral da Presidência e tampouco Torquato Jardim na Justiça. No caso dos dois primeiros, existe a justificativa política de que são cargos da estrita confiança do presidente. Do ponto de vista jurídico, tanto Padilha quanto Moreira são citados nas delações da Odebrecht e, espera-se, recebam um tratamento especial na delação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba e que já teria, segundo alguns, 100 anexos prontos de denúncias contra os ministros palacianos e o próprio Temer.
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Em relação à equipe econômica, nenhuma novidade. O atual presidente da Câmara não mexerá em Henrique Meirelles na Fazenda, em Ilan Goldfajn no Banco Central e nem em Pedro Parente na Petrobras. Dificilmente promoverá mudanças na Caixa Econômica ou no Banco do Brasil. Um posto que deve sofrer alterações é no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), já que Maia não tem uma boa relação com Paulo Rabello de Castro.
Redes sociais
Maia também reforçou, em postagens nas redes sociais ontem, que o país precisa avançar nas reformas estruturantes, não bastando apenas a conclusão da reforma trabalhista. Para o presidente da Câmara, é fundamental a retomada da tramitação da reforma da Previdência. Outros correligionários dele, contudo, afirmam que Maia precisa completar a travessia, mas que a mudança nas regras de aposentadoria só terão condições de ser aprovadas pelo futuro presidente, que tomará posse em 1º de janeiro de 2019.Embora seja pouco provável que vá exercer algum cargo direto no governo federal, o diretor-presidente do Insper, Marcos Lisboa, é um dos principais interlocutores de Maia em política econômica. Secretário de política econômica do Ministério da Fazenda entre 2003 e 2005, nos anos em que a pasta era comandada pelo petista Antonio Palocci, Lisboa já passou pelo Itaú e pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). O presidente da Câmara também dialogou com desenvoltura com Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos e mulher de Lisboa.
Destaques
Alguns outros nomes também terão papel de destaque neste processo. Um deles é o prefeito de Salvador, ACM Neto. Um dos principais caciques da legenda no plano nacional, nunca escondeu o desejo de concorrer ao governo da Bahia no ano que vem, após ressuscitar o carlismo no estado. Mantém um contato direto com Brasília e, quando estourou a crise da JBS, era visto praticamente toda semana no Congresso, negociando a posição do DEM ao lado do presidente nacional da legenda, senador José Agripino Maia (RN). Embora de maneira menos contundente que o senador Ronaldo Caiado (GO), que defendeu o desembarque imediato do governo, ambos sempre pregaram um descolamento da gestão Temer.É fato que a ascensão de Maia representa uma pedra nos planos futuros de Caiado. Há um bom tempo, o senador goiano pleiteia ser o nome da legenda para concorrer ao Planalto. “Tudo bem, ele agora pode ser o nosso melhor candidato ao governo de Goiás”, provocou um correligionário. “Da mesma forma, Mendonça Filho, que deve continuar no cargo de ministro da Educação, virou pule de 10 para concorrer ao governo de Pernambuco”, disse o mesmo parlamentar demista.
No PSDB, a interlocução preferencial, além dos cabeças-pretas da Câmara, será com o presidente ainda interino da legenda, Tasso Jereissati (CE). O senador elevou nos últimos dias a pressão pelo desembarque e os elogios ao atual presidente da Câmara. “Ele (Maia) tem condições, até pelo cargo que exerce como presidente da Câmara, de juntar os partidos ao redor de um nível mínimo de estabilidade do país”, elogiou.
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